Na
última sexta-feira, 10, foi realizado o II Seminário de Solidariedade à
Luta dos Povos, organizado pelo Comitê de Solidariedade à Luta dos
Povos, no Sindicato dos Engenheiros, em Curitiba, Paraná. O estudante de
Geografia da USP e militante da União Reconstrução Comunista, Alexandre
Rosendo fez uma apresentação com o tema “Revolução nas Filipinas: a
história em andamento”. Estiveram presentes cerca de 60 pessoas, entre
estudantes, trabalhadores e militantes de organizações e movimentos
sociais.
O camarada Jose Maria Sison, enviou uma mensagem em vídeo (assista aqui)
com uma saudação a iniciativa: “a solidariedade de vocês é bem-vinda
pelo povo filipino e seus companheiros revolucionários. Muito obrigado
pela camaradagem militante e pela solidariedade revolucionária. Por
favor, aceitem minha mensagem de gratidão e solidariedade com a
Revolução brasileira”. “Eu espero que vocês consigam elevar o nível de
sua consciência revolucionária em seu encontro de solidariedade,
tentando comparar a revolução filipina com a revolução brasileira. É bom
para vocês conhecerem os fatores semelhantes e diferentes das duas
revoluções e se tornarem mais determinados para travar uma luta unida
pela libertação nacional e social contra o inimigo comum, que é o
imperialismo norte-americano junto com seus aliados e fantoches”,
completou.
Rosendo
contextualizou a história das Filipinas, a partir do processo de
colonização espanhola que se estendeu de 1541 a 1896. As características
deste período eram o elevado desenvolvimento das sociedades
pré-coloniais filipinas: coexistências dos sistemas comunal, escravista e
feudal no mesmo território, a imposição do feudalismo-escravismo
colonial, plantations de cana de açúcar voltadas para a exportação e a
corveia pública.
Com
a crise da economia capitalista espanhola no final do século XIX e o
consequente recrudescimento da opressão colonial sobre o povo filipino,
se criaram as condições para a revolução democrática burguesa de 1986,
com destaque para as insurreições camponesas contra o aumento das rendas
e pela conquista da terra. Na sequência, se iniciou o domínio colonial
dos Estados Unidos, a partir do início do século XX.
Inspirado
pelas teses para os países coloniais e semicoloniais da Terceira
Internacional, o Partido Comunista das Filipinas foi fundado em 7 de
novembro de 1930 em Manila. Posto na ilegalidade dois anos depois, a
trajetória do partido foi longa e complicada. Rosendo destacou que erros
foram cometidos até chegar a capitulação diante da retomada do domínio
estadunidense em 1946.
Com
a destacada participação do camarada Jose Maria Sison, o Partido
Comunista das Filipinas foi reorganização do Partido em fins de 1968, e
já em 1969 foi formado o Novo Exército Popular e assim se iniciou o
processo da Guerra Popular apoiando-se na luta armada como forma
principal de luta revolucionária. O Partido ainda passaria por um
segundo movimento de retificação, para combater desvios esquerdistas no
seio do Partido e as ilusões acerca da possibilidade de uma tomada
rápida do poder a partir da insurreição urbana. Segundo Rosendo, desta
forma puderam lograr avanços das lutas revolucionárias do povo filipino
contra a ditadura de Ferdinand Marcos.
Um
ponto fundamental apontado no seminário foi a caracterização da
sociedade filipina atual. As Filipinas, é um país semicolonial e
semifeudal, com uma população economicamente ativa nos seguintes
setores: indústria, 16%; agricultura, 36%; serviços, 48%. Sua composição
demográfica é de população urbana com 59% e a população rural somando
41%. Rosendo destacou a contribuição do camarada Sison neste debate,
notadamente com a obra “A Sociedade Filipina e a Revolução”, publicada
sob o pseudônimo de Amado Guerrero.
Atualmente
a Guerra Popular levada a cabo pelo Partido Comunista das Filipinas se
encontra na etapa na etapa da defensiva estratégica. O Partido conta com
100 mil militantes (com meta para alcançar 250 mil militantes) e o Novo
Exército Popular tem 10 mil combatentes a nível integral, além de
centenas de milhares integrados nas milícias populares, grupos de
autodefesa, etc. Cerca de 2 milhões de pessoas vivem em suas bases de
apoio rurais (cerca de 2% da população filipinas) e as operações do NEP
se expandem por cerca de 100 mil km², o que representa 1/3 do
território.
No
final, Rosendo ainda respondeu questões variadas sobre a Revolução
Filipina: sobre qual o papel das mulheres no Partido e no Exército
Popular, a participação LGBT no processo revolucionário, o funcionamento
das áreas libertadas, o trabalho de comunicação do PCF, as relações com
outros partidos, como o Partido do Trabalho da Coreia, entre outros
temas.
do NOVACULTURA.info
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